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quarta-feira, 13 de junho de 2012

G1P0A1


Um dia desses li uma frase mais ou menos assim:

“Quer saber quantos amigos você tem, ofereça uma festa. Quer saber a qualidade deles, fique doente.”

Eu fiquei doente.

Em meio a toda a empolgação com a natação e uma nova viagem à Selva Amazônica (Ariaú - como eu amo!!), onde já haviamos estado em 2008, descobri que estava gravida. Vou poupar-me dos detalhes.
Tentávamos (sem neuras) há pouco mais de um ano.
Então, em 22 de março de 2011, eu sofri um aborto espontâneo.
Acordei com sangramento. Era MUITO sangue. Como médica, ali eu já tive a certeza de que aquela gestação não evoluiria. Mas a certeza foi só minha. Ainda havia no US a imagem de um saco gestacional pequeno para o tempo de amenorréia e isso bastou para que os que não me ouviam ficassem repetindo “calma, vai dar tudo certo”. COISA MAIS IRRITANTE. Não sou pessimista como meu marido, mas nesse caso a questão era ser realista.
Me fechei em casa com o marido, as cachorras e algumas ligações de familiares. E só. Chorei como nunca, todos os dias. Quase fiz um bexigoma de tanto que evitava ir ao banheiro encontrar todo aquele sangue. Ao invés de fazer o repouso, no terceiro dia de MUITO sangue saí andando sozinha e atravessei o bairro pra ver se acabava logo com aquilo. Era como se tivesse um tumor. Nesse momento, como mágica, a melhor amiga ligou. Alguém lá em cima gosta muito de mim para eu merecer a amizade da Mariana.
A família do marido nem ficou sabendo (ou teriam me indicado a cura para todos os males: Rivotril) para evitar o drama desnecessário.
Nenhum dos novos amigos brasilienses que haviamos feito até então apareceu, nem pra notar o meu sumiço. Ah, mas se marcássemos um churrasco…
Então o mais curioso aconteceu. De vez em quando eu entrava no Youtube para escutar uma música triste (tipo essa) e compartilhava no Facebook com alguma frase reticente tipo essa:

"E todas as pessoas que falam pra me consolar
Parecem um bocado de bocas se abrindo e fechando
Sem ninguém pra dublar" 

Claro que eu estava pedindo ajuda. Só não percebia quem não queria.
Então um a um eles começaram a aparecer. Quem? Os paulistas!!! Mesmo os menos chegados perceberam que algo de ruim estava acontecendo, e me ligaram, um a um… 

“Ju, está acontecendo alguma coisa?”. 
- Sim, está, e eu estou sofrendo e eu preciso falar e chorar e ninguém aqui é amigo de quem está chorando.

Exceção para a querida amiga Marisa, paulista de Bauru mas morando aqui, que foi a única que me ofereceu um ombro para chorar, literalmente. Te amo, querida! E a Pequena Rita, que me ligou lá de Floripa exatamente no dia dos acontecimentos. Feelings…

O episódio foi muito, mas muito triste mesmo. Aquelas coisas que a gente sabe que acontece, sabe que acontece muito, mas inconscientemente não sabe que pode acontecer com a gente.  E acontecer numa terra estranha, de amizades superficiais e gente que foge de vínculos, longe da família… é pior ainda.

Serviu pra ver que quem realmente gosta da gente está mesmo lá para os lados de Campinas, e a partir daí foi para manter a amizade deles que essa pessoa que vos escreve canalizou todos os seus esforços.

Enquanto escrevo olho meu filho lutando contra o sono no carrinho ao meu lado… Mas essa é outra história, que tinha que ser precedida dessa triste aí de cima.

2 comentários:

  1. é porque eu só soube depois, mas eu estaria do seu lado <3, eu estou e estarei

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    1. Eu lembro quando te contei, nos conhecíamos muito pouco na época. Hoje tenho certeza que vc estaria comigo!

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